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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Lazer e sustento nas lagoas poluídas de Fortaleza

Muitas pessoas pescam nas lagoas da Capital para lazer ou para o sustento da família. O problema é que a maioria das lagoas da cidade estão contaminadas e são consideradas impróprias para o banho

Muitos moradores do entorno pescam na lagoas da Parangaba (Foto: Mauri Melo)

O movimento intenso de veículos na avenida José Bastos contrasta com a calmaria da lagoa da Parangaba. Nela, muitas pessoas aproveitam o tempo livre para pescar. Todos os pescadores ouvidos pelo O POVO no local afirmam que vão à lagoa só para passar o tempo livre. A atividade parece fácil, mas não é. Exige paciência e muito esforço físico, principalmente para quem usa a tarrafa (rede de pesca).


Na lagoa do Porangabuçu, localizada no bairro Rodolfo Teófilo, o grupo de amigos Francisco Auricélio, Adriano Silva e Ednar Rodrigues pescava na beira da lagoa. Eles percorreram quase nove quilômetros de bicicleta para ir do bairro Genibaú, onde moram, até a lagoa. Eles afirmam que a pesca é para o lazer e usam o peixe para consumo próprio. “Não acredito que os peixes estejam contaminados. Na vizinhança, todo mundo pesca e ninguém nunca teve problema.”, diz Auricélio.


Joselito Gonçalves e Osmar Ferreira foram os únicos pescadores “profissionais” encontrados em Porangabuçu. “A gente percebe que a lagoa está contaminada. Mas acho que o peixe não é contaminado e a gente trata ele, passa vinagre”, diz Joselito. Osmar Ferreira conta que os peixes são consumidos por eles ou trocados por alimentos com outras pessoas da comunidade onde vivem. “Para algumas pessoas a gente também doa quando precisa”.


Peixes


O chefe do distrito de Meio Ambiente da Secretaria Regional III, Antônio Soares, alerta que os peixes da lagoa de Porangabuçu não devem ser usados para o consumo humano. Antônio afirma que análises mensais da água da lagoa apontam a presença de metais pesados, que podem contaminar os peixes. O local também não é indicado para o banho.

O professor do curso de Engenharia de pesca da UFC, Marcelo Sá, explica que a presença de metais pesados na água - como chumbo, cádmio, estanho e mercúrio - preocupa. Eles contaminam o peixe e, quando o animal é consumido, os metais pesados se acumulam e trazem malefícios à saúde.


Já a contaminação biológica, causada pelo despejo de esgoto e lixo nas lagoas, provoca menos preocupação, segundo o professor Bemvido Gomes, responsável pelo Laboratório Integrado de Águas de Mananciais e Residuárias (Liamar) do IFCE.


O professor explica que, se houver uma limpeza adequada dos peixes e cozinhados, não apresentam risco à saúde. O professor lembra que foi realizada uma pesquisa da qualidade da água das lagoas de Fortaleza pelo Liomar, em parceria com a Semam, entre 2006 e 2010. Nela, não foi identificada a presença de metais pesados.

Quem


ENTENDA A NOTÍCIA


Quem passa pelas lagoas de Fortaleza observa muitas pessoas pescando nelas. Afinal, isso é feito para lazer ou sustento? O POVO visitou as lagoas do Porangabuçu e Parangaba e fez a pergunta aos frequentadores.

SAIBA MAIS


Lagoas


Lagoas impróprias para banho, segundo a última análise realizada pela Liomar, entre junho e julho de 2010.

Por precaução, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) não recomenda o consumo de peixes desses locais.


São elas:


Catão (Mondubim)

Itaperoaba (Serrinha)

Lago Jacareí (Cidade dos Funcionários)

Maraponga

Maria Vieira (Cajazeiras)

Messejana

Mondubim

Opaia (Aeroporto)

Papicu

Parangaba


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