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terça-feira, 23 de março de 2010

Número de feirantes na feira da parangaba cresceu 116%




Tem de tudo: aos domingos, a feira reúne milhares de pessoas que buscam compras ou lazer
FOTO: JOSÉ LEOMAR


Matéria Veiculada no Diário do Nordeste no dia 22/03/2010

Entre agosto de 2006 e julho de 2009, o número de comerciantes atuando no local saltou de 974 para 2.108

Fora de controle. Assim pode ser definida a situação atual da Feira de Parangaba, também conhecida como Feira dos Pássaros. O número de feirantes e vendedores ambulantes que comercializam produtos no Polo de Lazer da Parangaba aumentou 116% em menos de três anos. Passou de 974 comerciantes em agosto de 2006 para 2.108 em julho de 2009.

O diagnóstico foi resultado de levantamento feito pela Secretaria Executiva Regional (SER) IV, responsável pela área da Parangaba, e obtido, com exclusividade, pela reportagem do Diário do Nordeste, que teve acesso a ofício enviado pela SER IV, em resposta a questionamento da Promotoria de Saúde Pública do Ministério Público Estadual (MPE).

Funcionando aos domingos, a feira oferece todo tipo de produto. Roupas, comida, relógios, ferramentas, televisores, peixes, pássaros, videogames, carros de bebês, peças para computador, CDs e DVDs piratas e até letreiros luminosos de táxi.

Para o feirante Manoel Cavalcante da Silva, 54, o aumento de vendedores no local é causado pela vinda de trabalhadores de outras regiões, que não têm tanta clientela quanto a Parangaba. Silva trabalha há seis anos na feira, vendendo ferramentas e letreiros de táxi, a preços que variam de R$ 35,00 a R$ 40,00, dependendo do material.

A lotação na feira provoca reações diversas nos clientes. A vendedora Danielli Serra Gomes, 30, diz que só foi ali "uma ou duas vezes" até hoje. Ontem, acompanhada da filha de cinco anos, ela aguardava a irmã voltar do local. "Não tenho caragem de entrar, por conta do aperto. É o pessoal pegando na gente, tentando puxar o nosso pacote. Não tem condições".

Já o motorista Maurício Uchôa, 53, reconhece que a superlotação "às vezes, atrapalha porque é muito imprensado", mas diz que vai lá todos os domingos. "É uma distração", diz.

Prefeitura

O inchaço da Feira da Parangaba pode ter relação com a desativação das feiras realizadas nas praças da Sé e José de Alencar, que funcionavam no Centro da Cidade até o ano passado. Essa é a análise do chefe dos Serviços Urbanos da SER IV, Gilberto César Pereira Mendes, que coordenou os levantamentos realizados em 2006 e 2009.

Mendes cita que o número de barracas de confecções cresceu mais de 100% na feira no período, o que lança suspeitas de que tenha havido uma migração. As confecções eram a principal mercadoria negociada na Sé e na José de Alencar.

Mendes acredita que a Parangaba também pode estar recebendo feirantes da Praça da Lagoinha, cujo prazo de transferência para outro local termina este mês. Outros fatores que podem estar lotando a feira, para Mendes, são o desemprego e a especulação.

Ele pontua que a Feira da Parangaba existe de fato e não de direito, pois o Município não concede permissões para trabalhar ali. O espaço é administrado pela Associação dos Feirantes da Parangaba. Nesse domingo, a reportagem foi à sede da Associação, mas o espaço encontrava-se fechado.

PROJETO
Prefeitura pretende remover vendedores

Pelo menos, desde 1998 a Prefeitura de Fortaleza promete liberar o Polo de Lazer da Parangaba e transferir a Feira dos Pássaros e a Feira de Carros para outros locais. O último projeto, anunciado já na atual gestão, era de mudar os feirantes para a Rua Pedro Muniz, por trás do Sesi da Parangaba, na outra margem da lagoa do bairro. Para readequar o projeto ao número real de feirantes, o espaço foi novamente mudado.

Por meio de nota, a Secretaria Executiva Regional (SER) IV informa que um novo espaço para receber as feiras "já foi avaliado, mas não pode ser divulgado para não gerar maiores especulações" - tanto do ponto de vista imobiliário, quanto em relação à procura dos feirantes por vagas. A Assessoria de Comunicação da SER IV informa que não há prazo para a remoção e que o local não está definido, pois a Prefeitura ainda precisa adquirir a posse do terreno para iniciar as licitações.

O projeto da nova feira consiste na padronização das barracas, dividindo-as por segmentos. As barracas de carnes, por exemplo, seriam projetadas de acordo com normas sanitárias.

O órgão destaca que é difícil dimensionar a quantidade de pessoas que, de fato, atuam no local, "tendo em vista que esse quantitativo varia de domingo a domingo". Além disso, a SER IV ressalta que, por ser uma atividade tradicional, dificulta medidas enérgicas no sentido de coibir as atividades irregulares.

De acordo com o chefe dos Serviços Urbanos da SER IV, Gilberto César Pereira Mendes, a Prefeitura de Fortaleza sozinha "não tem a menor condição" de fiscalizar produtos irregulares e alimentos estragados vendidos na Feira. Assim, são realizadas operações conjuntas com a polícia e órgãos ambientais. Segundo ele, a fiscalização é feita quase todos os domingos, apesar de admitir que, ontem, não houve operação.

Para o capitão Arimatéia de Freitas, comandante da 7ª Companhia do 5º Batalhão da PM, o inchaço da feira dificulta as operações policiais, na medida em que torna mais complexa a fiscalização das atividades desenvolvidas no local.


ÍCARO JOATHAN
REPÓRTER



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