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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Acesso a produtos e serviços reinventa periferia da Capital

Mesmo longe de erradicar os grandes problemas sociais, áreas mais afastadas do Centro mudaram para melhor



"Numa cidade, a região mais afastada do centro urbano, em geral carente em infraestrutura e serviços urbanos, e que abriga os setores de baixa renda da população". É dessa forma, literalmente, que está definida no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa a palavra periferia. Porém, esse conceito tradicional, mesmo que correto, tem sido e continua sendo reinventado no decorrer dos últimos anos nas grandes metrópoles, e Fortaleza não foge à regra.

Uma das explicações compreensíveis para esse fenômeno se baseia no crescimento da Capital cearense, sobretudo, da ampliação da renda familiar mensal e do número de habitantes das camadas populares estabelecidas há algumas gerações nos bairros menos próximos do Centro de Fortaleza.

É evidente que ainda estamos longe de erradicar os graves problemas sociais e as grandes mazelas já cruelmente conhecidas e midiaticamente divulgadas das avenidas, ruas, vielas e becos dessas áreas desprivilegiadas da Cidade. Assim como é perceptível a "olho nu" para qualquer pessoa - que visite a Capital cearense pela primeira vez -, que Fortaleza é dividida em duas realidades, sob o critério de rendimento, e que há um longo caminho a percorrer na busca da redução da desigualdade abissal construída desde a criação do Município até hoje.

Evolução

Contudo, apesar de reiteradas críticas e reclamações acerca da infraestrutura dos logradouros, precariedade das moradias, falta de saneamento, ausência de espaços de lazer e cultura, tráfico de drogas e violência urbana, há um consenso generalizado de que houve uma evolução no acesso a produtos, serviços e até causas básicas para o desenvolvimento humano, como educação e saúde, durante as décadas mais recentes.

Isso tem tornado essas localidades mais afastadas, a cada dia, mais autossuficientes. Para confirmar, basta fazer um teste e perguntar se houve melhora, de uma forma geral, nas condições de vida de moradores mais antigos de bairros como Montese, Parangaba, Conjunto Ceará, Messejana, Vila União, Carlito Pamplona, Mondubim, Conjunto Ceará, Maraponga, Antônio Bezerra e José Walter, para citar alguns exemplos.

Locais que ganharam economia própria, no sistema em que o dinheiro circula, gera renda e emprego, atraindo cada vez mais pequenos, médios e até grandes empreendedores.

De acordo com o vice-presidente da Fecomércio-CE, Ranieri Leitão, essa tendência de incremento dos negócios cada vez mais próximos da moradia de quem não mora em áreas nobres não se restringe apenas à Metrópole cearense. "Esse fenômeno tem sido identificado na maioria das capitais do País em virtude da preocupação do governo de aumentar o número de empregos", conta, ressaltando que Fortaleza, em especial, tem se destacado nesse avanço. "Temos uma situação privilegiada na comparação com as outras cidades em relação à média de inadimplência e do nível de endividamento, que estão bem abaixo, fruto de um consumo mais consciente do consumidor fortalezense", afirma Ranieri.

E ele tem razão no que fala. Mês passado, estudo da Fundação Getúlio Vargas divulgou dados sobre o desempenho dos principais centros urbanos do Brasil. A periferia de Fortaleza, na comparação com as das demais, tinha apresentado o maior crescimento na renda média, entre 2001 e 2008, saindo de R$ 204,34 para R$ 311,11. Acréscimo de mais de 52%.

Enquanto que no mesmo período, na outra parte da Cidade, mais centralizada, o resultado tinha sido uma leve evolução de 8,4%, subindo de R$ 534,91 para apenas R$ 579,83. O que corroborou com o padrão da maioria das capitais brasileiras de que, atualmente, a periferia cresce mais do que a Capital. Só que, no caso cearense, essa característica se mostrou ainda mais acentuada. "Apesar da volta do fantasma da inflação, das medidas recentes do governo de subir os juros, a confiança do consumidor não foi abalada. E isso pode ser notado facilmente na periferia", conta.

Tendência

"Esse fenômeno tem sido identificado na maioria das capitais do País" Ranieri Leitão Presidente da Fecomércio - CE

ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER

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