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terça-feira, 6 de março de 2012

Rendimento médio da mulher não chega a um salário mínimo na Capital


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Maior parte das mulheres da Capital está na faixa etária de 40 a 59 anos
FOTO: JOÃO LUÍS
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A realidade é revelada por meio de estudo da SDE do Município. Os ganhos médios variam de 0,8 a 0,9 Mínimo


Historicamente, a mulher superou condições de opressão, reverteu cenários de discriminação e conseguiu, pouco a pouco, se sobressair, conquistando espaço e desafiando um mundo que já teve regras ditadas unicamente por homens. Mas mesmo hoje, após séculos de transformações sociais, ainda há muito a ser galgado por elas. Prova dessa realidade desigual é que o rendimento médio obtido pelo público feminino em Fortaleza não chega sequer a um salário mínimo.

Conforme estudo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) - ligada à Prefeitura Municipal - com dados de 2010, nas seis Secretarias Executivas Regionais (SERs) pesquisadas, os ganhos médios das mulheres variam de 0,8 a 0,9 salário mínimo (vigente à época). Enquanto isso, no caso dos homens, em cinco das seis, os rendimentos superam um Mínimo, exceto na Regional I (que abrange bairros como Barra da Ceará, Pirambu e redondezas).

Segregação ocupacional

De acordo com o elaborador da pesquisa, Inácio Bessa, assessor técnico da SDE e professor da Unifor, essa diferenciação é um fenômeno mundial, ocasionado, principalmente, pela segregação ocupacional e a discriminação no mercado de trabalho. Na Capital, analisa, "a mulher tem maior participação nas faixas de até um salário mínimo. Para os rendimentos do trabalho acima de cinco Mínimos, prepondera a participação dos homens. Apesar de ter uma maior escolaridade em comparação aos homens, continuam levando desvantagem nos rendimentos".

Aproximação

No entanto, pondera, alguns estudos apontam para a tendência de o segmento feminino, nos últimos anos, ter reduzido, gradativamente, essa desvantagem, aproximando-se, cada vez mais, dos ganhos masculinos. O levantamento aponta que, na Regional I, 3,8% das mulheres sequer possuem rendimentos. 64,4% delas ganham entre 0 e 1 salário mínimo. Na Regional IV (que inclui Benfica, Parangaba e outros), essa fatia cai para 60,7%.

Destaque positivo

"A Regional IV tem o melhor perfil socioeconômico. Já a I teve, ao longo dos anos, o acréscimo de muitas favelas em seus entornos, o que causou perda de valor médio. Mas vale ressaltar que é a que mais tem melhorado", explica. Entre cinco e dez salários, as mulheres da SER VI (Messejana, Cidade dos Funcionários, etc) apresentam as melhores condições: 2% delas ganham rendimentos nessa faixa.

Além das circunstâncias de trabalho geralmente inferiores às dos homens, as mulheres ainda precisam arcar, muitas vezes, com uma jornada dobrada de esforços. Os serviços domésticos estão cada vez mais divididos entre eles e elas, mas ainda há um desequilíbrio. "A mulher acaba ficando mais sobrecarregada", diz o assessor da SDE.

O estudo aponta que a maior parte das mulheres ocupadas em Fortaleza está na faixa etária de 40 a 59 anos. A Regional IV possui a maior participação. Nela, as mulheres nessa idade são mais de 40% do total.

Com base no estudo, Bessa avalia que "o gênero feminino disputa igualmente o mercado de trabalho com os homens, numa mesma faixa etária, sendo esse resultado uma realidade dos tempos atuais, posto que, anteriormente, apenas a mulher mais jovem disputava com os homens". A SDE também constatou que o público feminino possui um nível de escolaridade acima do masculino. Em todas as regionais, elas apresentam maior incidência de curso superior completo do que eles.

Aumentam famílias chefiadas por elas

Elas, cada vez mais, saem da coadjuvação das famílias para assumir o posto de chefe e provedora da casa. De acordo com Inácio Bessa, esse fato tem aumentado não só em Fortaleza como em outras metrópoles. O fenômeno, explica, ocorre por conta da presença mais intensa das mulheres no mercado de trabalho e também pela elevação no rendimento dessas trabalhadoras. Em algumas faixas etárias, elas já, inclusive, superar os homens na chefia de famílias, segundo o estudo da SDE.

Na Regional I, por exemplo, na faixa etária de 15 a 24 anos, 4% das mulheres comandam as finanças do lar, enquanto no caso masculino, são apenas 2%. Mas a maior incidência das mulheres como chefes aparece na faixa de 40 a 59 anos, em todas as Regionais, conforme mostra o levantamento. Na SER IV elas também ultrapassam os homens: 40,8% contra 40,1%.

Em relação ao grau de instrução, a pesquisa aponta para um dado preocupante: a maior parte dos chefes de família, sejam homens ou mulheres, possui apenas o Ensino Fundamental completo. No caso dos trabalhadores com diploma de nível superior, o público masculino ainda tem a maior participação nas lideranças do lar, exceto na Regional I, em que o proletariado feminino supera (6% contra 5,1%).

Desempregados

De acordo com a SDE, a maioria da população feminina desempregada possui como formação o Ensino Médio. A Regional VI mostra a maior fatia na totalidade: 68,6%. Já as mulheres com ensino superior completo amargam taxas de 4,55% (Regional VI) e 14,5% (Regional I). "Mesmo considerando que a maioria das pessoas que buscam o ingresso no mercado tem até o segundo grau, no tocante às mulheres, aquelas de nível superior, relativamente, apresentam uma maior participação no segmento dos desempregados". (VX)

VICTOR XIMENES
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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