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sexta-feira, 9 de março de 2012

Mobilidade com atraso

Notícia publicada dia 09 de março no Diário do Nordeste


A licença de instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), no ramal Parangaba-Mucuripe, entregue pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) à Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra), representa a última barreira burocrática para o início efetivo das obras já com atrasos.

Formalmente, foram cumpridas todas as etapas desse oportuno projeto governamental por alterar a face urbana de 22 bairros, com elevado ônus por deslocar do percurso dos trens mais de cinco mil famílias. Juridicamente, o Estado está retomando, com a construção dessa obra fundamental para o sistema viário da Capital, nesgas de terras públicas ocupadas pelos moradores afetados.

Não mentiu o secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, ao apontar os atrasos na implantação da infraestrutura exigida pela Copa do Mundo, embora não tenha esse cidadão estrangeiro qualquer direito de imiscuir-se nos problemas internos do País. Mas sua deselegância valeu uma reprimenda à altura do desaforo.

Obras públicas em fase pré-eleitoral registram percalços de toda natureza. Primeiro, pelos prazos e condições determinados pela legislação eleitoral. Segundo, pelo envolvimento do clima eleitoral com interesses antagônicos dos partidos políticos em jogo. Terceiro, pela exiguidade do tempo, diante das batalhas diárias para suplantar os entrechoques econômicos entre os atores envolvidos nos empreendimentos.

O VLT, autorizado, licenciado, dispondo de consórcio empresarial habilitado à execução do projeto, nem assim começou no tempo previsto. E ainda enfrenta orientação do contratante para iniciar as obras pelas faixas de terrenos desembaraçados, enquanto avançam as indenizações dos grupos remanescentes.

Esse fato estaria repercutindo nos prazos previstos para as obras de responsabilidade da Prefeitura de Fortaleza, especialmente os quatro viadutos previstos para os cruzamentos das avenidas Alberto Sá, Santos Dumont, Padre Antônio Tomaz, com a Via Expressa, e das avenidas Raul Barbosa com Murillo Borges.

As instalações dos canteiros de obra nesses trechos dependem, necessariamente, da remoção das habitações situadas no traçado dos trilhos do VLT. Essas áreas, intensamente povoadas, dividem as moradias residenciais com estabelecimentos comerciais. Pelo projeto governamental, os trilhos do ramal ferroviário de carga, ligando, atualmente, o Mucuripe a Parangaba, teriam que ser deslocados para o trecho habitado.

No segundo momento, as duas linhas destinadas ao VLT ocupariam os espaços hoje reservados às composições de cargas. A resistência dos moradores está atrasando tanto as obras do Estado como as do Município. Elas representam o arcabouço dos avanços na mobilidade urbana de Fortaleza.

Os quatro viadutos enterrados e elevados se juntarão, também, aos dois outros viadutos elevados programados para a Avenida Engenheiro Santana Jr. com as avenidas Padre Antônio Tomaz e Antônio Sales. Essas obras, quando concluídas, aliviarão o sistema viário da região leste da cidade, dos mais congestionados a qualquer hora.

Esses projetos prioritários não eliminam sozinhos os problemas de tráfego de parte da zona leste e, especialmente, os da zona sul. Eles exigem obras complementares de engenharia de tráfego e de tecnologia de trânsito, para alcançar seus objetivos, de modo a compatibilizar o número acentuado de veículos com um espaço físico acanhado. Os viadutos previstos têm urgência.

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